sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Diário de Julieta


Desenvolvi um projeto este ano com a obra Romeu e Julieta.Veja o desenvolvimento do projeto neste link.No final pedi aos alunos que produzissem um diário dos acontecimentos de Romeu e Julieta. Aqui está um exemplo do diário feito pela aluna Ingrid Alves Silva, do 1º C, noturno.


DIÁRIO DE JULIETA


26/07/1500

Hoje no baile um moço mascarado, chamou-me a atenção, dançamos juntos e ao final do baile ele me beijou. Quando eu estava indo embora pedi para minha ama perguntar seu nome e Teobaldo, meu primo disse que se tratava de um Montecchio, Romeu Montecchio. Desesperada por descobrir quem era ele, pensei:
“Como do amor o inimigo me arde?”
Cedo não o vi,
Tarde foi ter comigo,
Como este monstro,
O amor brinca comigo?”
Logo à noite fui para a sacada do meu quarto pensar no que acontecera no baile. Indignada, por que tinha que ser Romeu Montecchi? Pensei em várias saídas:
Renegar-te seu pai...Despojar-te do nome... Ou se não aceitar, juro Capuleto deixarei de ser, pois inimigo é apenas um nome, riscando o nome em troca dele fica comigo inteira.
Eis que ele aparece, jurando-me amor, revelei então a ele que eu o amava, nos beijamos, juramos total entrega e amor, mas fomos interrompidos por um chamado de minha ama. Disse a Romeu que lhe mandaria um recado no dia seguinte às 9 horas da manhã. Por hoje é só. Vou dormir e sonhar com Romeu.

27/07/1500

Hoje às 9 horas minha querida ama, Anon, foi falar com Romeu, ao voltar, Anon disse-me que o Frei iria nos casar. Fiquei radiante...
À tarde fui até a igreja e lá estava Romeu a minha espera e assim o Frei nos casou às escondidas da minha família. Porém mais tarde, uma notícia veio com muito pesar sobre a nossa casa. Teobaldo, meu primo, havia matado Mercúcio, primo de Romeu e ele tomado pela revolta, não pensou nas consequências e acabou vingando a morte de seu primo, interrompendo a juventude de Teobaldo, matando-o.
O que fazer, agora? O que pensar? Meu coração se enche de perguntas.
Amo Romeu e esse sentimento não iria mudar...

28/07/1500

Ontem à noite Romeu veio até a minha casa e dormimos juntos. Foi a minha primeira noite junto de Romeu. Primeira noite como sua esposa, mas pela manhã Romeu partiu dando-me um simples adeus. Logo após minha mãe veio com a notícia que eu teria que me casar com Páris. Fiquei muito irritada, recusando-me a casar. “Como posso cara-me com Páris se já estava casada com Romeu e ele já me faz feliz”, mas minha família não sabia do meu casamento.
Meu pai quando soube que eu recusei me casar com Páris disse que não precisava encará-lo nunca mais! (Chorei muito) Pedi, supliquei,mas de nada adiantou, papai ainda disse-me que se eu casasse com Páris tudo teria, mas se eu não me casasse iria me colocar na rua e nada que fosse dele poderá me ser útil!
Pedi para mamãe, mas ela também se negou ao meu pedido... Anom disse que eu deveria casar-me com Páris. Não me conformei: Fui até a igreja falar com o Frei. Porém, Páris estava lá e falou-me do nosso “casamento”!... Quando ele foi embora pedi ao frei que ele me ajudasse. O Frei teve uma ideia, uma esperança, mas essa ideia era desesperadora como é desesperador o que queremos impedir. O Frei disse para eu ir para casa e mostrar-me alegre e recomendou-me a aceitar desposar o conde. Disse também, para que eu dormisse aquela noite sozinha sem minha ama, deu-me um frasco contendo uma poção que me faria dormir, mas todos pensariam que eu tivesse morrido, despertando bem depois.
Fui para o quarto e quando fiquei sozinha fiz como tudo combinado tomei o frasco. Senti o líquido pelas veias, comecei a suar frio e um efeito entorpecente, meu pulso começou a diminuir e desfaleci. Permaneci assim até o amanhecer, sem pulso, sem calor, nem hálito, minha vida poderá atestar com esse aspecto tétrico da morte. Vinte e quatro horas irei permanecer assim, para acordar de um doce sono. E antes de acordar Romeu haverá de receber uma carta do Frei explicando todo o plano. Eles aguardarão que eu desperte, conduzindo-me na mesma noite para Mântua. Depois, como tudo combinado, despertarei ao lado de Romeu. Enfim, seremos felizes... Amanhã eu e Romeu estaremos unidos eternamente.


(Achei muito bem feito o diário, pois a Ingrid observou muito bem o foco narrativo e a visão da obra só na perspectiva de Julieta, deixando o desfecho sem ser mencionado, pois em um diário não caberia o próprio narrador descrever sua morte). Enviei uma cópia para o livro da Sociedade dos Poetas Jandaienses, que será publicado no ano de 2010.

Parabéns Ingrid!


Diário baseado na obra Romeu e Julieta de Shakespeare.