sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Saudosa Maloca

Assistindo o vídeo abaixo, onde Adoniram e Elis cantam “Saudosa Maloca”, cheguei a conclusão de que se trata de uma música que conta a história da cidade de São Paulo, em especial do bairro do Bexiga. Pelo vídeo, notamos que essa música possui um significado socio-cultural que é extremamente político, é uma saudosa crítica, por assim dizer, dos primórdios da industrialização paulista, com sua pobreza, com seus malandros e a indignidade de um "progresso" que não contempla o excluído. Notamos nas imagens que o bairro do Bexiga e os do centro de São Paulo não conservaram ao longo de sua modernização a arquitetura original com casarões e prédios antigos. Ao contrário disso, derrubavam tudo e reconstruíam com uma roupagem mais moderna., com isso a cidade acaba perdendo sua identidade e sua história…
Adoniram com sua linguagem típica do Bexiga - uma espécie de sotaque oficial da cidade, contava sem dramas as pequenas tragédias cotidianas da favela e dos suburbanos em geral. Geralmente histórias que ele tinha vivenciado. Tragédias miúdas, de moradores de velhos casarões abandonados por uma cidade que os demolia pra construir mais e mais arranha-céus... Enfim, a vida dos depreciativamente chamados de maloqueiros - porque viviam em malocas.
As casas térreas com arquitetura mais antigas foram todas demolidas dando lugar a modernos e altos edifícios. A história da arquitetura da cidade foi perdida nessa transição…
Acho importante que o professor pesquise na música, conteúdos para as suas aulas, porque ele leva para a sala de aula o que tem mais afinidade. Quem gosta de cinema, leva filme; quem gosta de jornal, leva jornal, quem gosta de teatro, dramatiza na sala de aula. E se gosta de música”, por que não usá-la?
Trabalhar a letra de Saudosa Maloca torna os conteúdos de História, Literatura, Arte, sociologia... mais atrativos aos alunos e imprimem um caráter interdisciplinar às aulas.
Percebam quanta riqueza temos só neste fragmento:
“Ali onde agora está esse adifício arto
Era uma casa véia, um palacete assobradado
Foi ali, seu moço
Que eu, mato Grosso e o Joca
Construímo nossa maloca”